E-commerce brasileiro deve crescer até 15% em 2017

O e-commerce brasileiro começa 2017 com boa perspectiva de faturamento: a expectativa é de alta de 10% a 15% no ano, após encerrar 2016 com crescimento previsto de 8% nas contas do Ebit, e de 11% segundo a ABComm (Associação Brasileira de Comércio Eletrônico).

A previsão é do presidente do Conselho de Comércio Eletrônico da FecomercioSP e CEO da Ebit, Pedro Guasti, com base na Pesquisa Conjuntural do Comércio Eletrônico FecomercioSP/Ebit.

Em 2017, segundo ele, uma estratégia que deve ser usada para as empresas do segmento elevarem as vendas é a oferta de cupons de desconto, mercado que teve bom desempenho em 2016. Já para as empresas que operam apenas no varejo físico, a dica é considerar ampliar o negócio para o mundo virtual, a exemplo de corporações que aumentaram bastante o faturamento com essa alternativa.

Apesar das boas perspectivas para 2017, Guasti afirma que o ano passado poderá ser a primeira vez em anos que o e-commerce corre o risco de crescer apenas um dígito (em 2015, a alta foi de 15% e em 2014, de 24%, de acordo com o Ebit). Porém, diante de um cenário de recuo do setor varejista, é um resultado a se comemorar.

“O ano foi bem difícil para a economia de forma geral e as lojas virtuais também foram impactadas pela crise, apesar de crescer em um cenário no qual a maioria apresenta queda”, diz.

Balanço

De acordo com Guasti, os consumidores que mais deixaram de comprar no comércio eletrônico em 2016 foram os da classe C, que devem representar em 2016 cerca de 35% dos compradores, enquanto em 2015 eram 39%.

No quesito comportamento do cliente, ele destaca o aumento da participação das compras por meio de dispositivos móveis (a expectativa é que dobre o índice de 12% visto em 2015). Já pelo lado das empresas, houve grande preocupação com o resultado (a margem de lucro) e não apenas com o maior número de vendas.

“Isso impactou na redução da oferta de frete grátis e do número de parcelas sem juros no pagamento, além de mais estímulo para os consumidores pagarem suas compras à vista, oferecendo desconto maior para quem pagasse nessa modalidade, com o objetivo de fazer caixa e ter um capital de giro”, analisou.

Segmentos

Produtos como eletrodomésticos, eletroportáteis e celulares devem terminar o ano como o segmento que teve o maior volume financeiro em vendas, com destaque para as categorias de utilidades domésticas (principalmente para cozinha) e peças para automóveis (acessórios automotivos).

“São duas categorias impactadas pela crise, com aumento nas vendas em consequência de as pessoas saírem menos para comer fora, ficarem mais em casa, viajarem menos, e comprarem menos automóveis novos, optando por investir na manutenção do veículo atual”, apontou Guasti.

Foi o que sentiu a revendedora de autopeças e acessórios Tottori, que possui e-commerce próprio e vende também por meio do Mercado Livre. Em 2016, as vendas giraram em torno de 5 mil por mês, contra as cerca de 4,5 mil mensais vistas no ano anterior. Em novembro, esse número bateu os 6,5 mil mensais.

Segundo um dos diretores da empresa, Gustavo Taconi, a procura por peças aumentou no final do ano porque muitas pessoas saem de férias e fazem a manutenção do veículo para poder viajar. “Estamos vendendo mais as peças mecânicas voltadas para a manutenção do automóvel do que os acessórios. Vimos que com a crise, as pessoas preferem fazer a manutenção do que trocar por um novo”, relatou.

Pensando em ampliar o número de clientes e os canais de vendas – hoje, a maioria das vendas é proveniente do Mercado Livre, em outubro a Tottori começou a comercializar seus produtos em marketplaces. “O ramo de autopeças é complicado porque existem muitas peças e que mudam muito, conforme os modelos dos carros são alterados. Precisamos ter muitos canais porque é muito concorrido”, explicou Taconi.

Para Sabrina Nunes, CEO da Francisca Joias, e-commerce especializado na venda de joias e semijoias, nos últimos anos o brasileiro se acostumou “a comprar barato”, por isso em tempos de crise ele pesquisa mais antes de adquirir algum produto. E, em tempos de crise, apesar de diminuir o tíquete da compra, não deixa de comprar.

“Isso dá um pouco mais de trabalho porque precisamos conseguir mais clientes com menos recursos financeiros. Por esse motivo investimos em melhorar o relacionamento com eles, aparecendo mais nas redes sociais, caprichando nas embalagens, oferecendo um produto melhor com uma margem de preço menor, tudo para não perder o cliente”, relatou.

A companhia, que vende no varejo e no atacado, resolveu investir mais no relacionamento com as revendedoras, tanto no ano que passou quanto em 2017. A ideia é prestar mais auxílio nas vendas, realizando encontros e estando mais próximo. “Gera confiança e isso reflete na venda”, disse.

Fonte: FecomercioSP